domingo, 29 de julho de 2012

Diário: Neo Fauna 1#


"O grande predador dos bosques do planeta Olympus II. O nosso primeiro registro dessa besta colossal, foi proximo ao pântano de Lógrin, espreitando sua presa, um Torvosuchus. Não ficamos para  observar seus métodos de caça pois estávamos com outras prioridades, buscando provisões."

Dr.Jonhson Bakker

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Crônicas de Volta - Capítulo II


O Sacrifício da Donzela Virgem      

     Era uma figura macabra, envolta a uma capa escura repleta de retalhos. Um capuz emergia nas sombras a face velha e enrugada. Havia um forte odor de enxofre expelido pelo ser. Era alto e caminhava altivo, como um legítimo cavaleiro. Na escuridão de seu imenso castelo, sussurrava algo numa língua esquecida por todos. Apenas os mais antigos seres de Volta a conheciam. Havia, no centro do salão, um cajado fixado no chão pedregoso. A luz tênue de sua gema incandescente, iluminava consideravelmente o ambiente sinistro. As paredes eram preenchidas por estranhas pinturas. Ilustrações desgastadas que retratavam as guerras do passado distante do mundo. E, uma delas, chamava bastante atenção. Na pintura, estavam Vann, guardião da água,  Is, guardião do gelo, Ark, guardião da terra e Brann, guardião do fogo. Brann era o antigo nome de Tilslore, antes deste cair em desgraça. O Mago das Trevas, fora um dia um ser iluminado, que caminhava ao lado dos homens e os aconselhava. Era o mais poderoso dos Reis Magos... seu poder fora concebido pelo próprio deus dragão Branngud que, no entanto, fora enganado pelas mentiras do mago e teve um de seus ovos roubado para a construção de um novo cajado, tão poderoso quanto os três cajados unidos de seus companheiros. Então, num tremendo ato de ambição e cobiça, Brann, traiu os Reis Magos de Volta, numa tentativa de assassinato, do qual com muito esforço fora impedida. Todavia, o agora Tilslore, exilou-se na tentativa de escapar do castigo severo que receberia. O novo inimigo, portanto, não aquietou-se e uniu as forças do mal que, enfim, acabaram com o reinado de luz. Com os três Reis Magos fora de seu caminho, nada impediria Tilslore de dominar Volta. Eis a guerra, até então...

     Sobre um altar de rochas negras, uma jovem mulher deitada. Era divinamente bela. Os cabelos longos eram dourados, assim como era o sol da tarde pouco antes de se por. A pele, como seda, era branca e as maçãs do rosto coradas de tom semelhante ao dos lábios cheios. Ela estava nua. Os seios não eram muito fartos, mesmo assim, em nada deixavam a desejar com toda sua formosura e perfeição. Cada milímetro de seu corpo era dotado de caprichos. faria qualquer homem cair aos seus pés e implorar por sua mão em casamento, sem nem sequer pestanejar. A moça se via irrequieta sobre a mesa de pedra. Dormia, no entanto, gemia e se mexia, como se estivesse mergulhada em um terrível pesadelo. Murmurava palavras incompreensíveis. Estava dopada por magia.
     Tilslore aproximou-se da garota. Em uma das mãos, empunhava firme uma adaga de lâmina negra. Encostou a ponta do metal frio no pescoço da adormecida. Fora, então, deslisando a arma afiada, passando por entre os seios e, então, o umbigo, até chegar nos pelos aveludados de sua vulva. A moça continuara a dormir. O mago proferia palavras sinistras com sua voz rasgada. Era um feitiço poderoso do qual faria seus poderes duplicarem. Tilslore pousou uma das mãos sobre o ventre da jovem. Disse algo em idioma desconhecido. Algo que a fez abrir as pernas. Tilslore, portanto, introduzira vagarosamente a adaga na genitália da pobre moça. Devido sua virgindade, não demorou em nada para o sangue jorrar. O mago suspendeu a mão que repousava sobre o ventre da moça, ao mesmo tempo de sua voz aumentava e novas palavras saíam de sua boca amaldiçoada. Finalmente, espíritos malignos apareceram no grande salão escuro. Eram como sombras aladas, há muito perturbadas. Voavam em círculos em volta do cajado.
     A jovem adormecida respirava ofegante, como se a lâmina em sua vagina a desse prazer ao invés de dor. O mago já havia introduzido até a metade, e o sangue continuou a jorrar. Escorria por meio de canaletas que iam do altar, até o cajado fincado no meio do salão. A aquela altura, um tremendo vendaval tomava conta do local e havia um coro de vozes desesperadas que pareciam suplicar por misericórdia. Tilslore ritualizava para tornar-se o ser das trevas mais poderoso de Volta. Sua ambição era superar até mesmo os poderes de Skygge; ansiava pelos poderes divinos reservados somente aos deuses celestiais. O Mago das Trevas não se contentaria somente com o domínio de Volta, oh, não! Sua confiança era tamanha que cultivou dentro de si, o desejo de alcançar os céus... até mesmo o palácio do Pai Celestial, O Todo-Poderoso.
     Tilslore cantava suas palavras com extremo ódio. A jovem parecia chorar, porém, desta vez, de verdadeira dor. A mesma abriu, de repente, os olhos azuis. As pupilas se contraíram subitamente, como se realmente tivesse despertada de um aterrador pesadelo. A moça chorava como criança. O vendaval cessou e os espíritos se aquietaram. Ouvia-se, no grande salão escuro, somente o choro e os soluços desesperados da jovem garota. Custou a ela perceber que tudo aquilo era real. Respirou o ar gélido daquele lugar horrível, sentiu a superfície áspera da mesa de rocha onde estava deitada e testou os movimentos das mãos e dos pés mexendo os dedos. Por um instante, o choro cessou. Havia somente alguns soluçares. A visão, outrora turva, apurou-se no escuro. Inclinou sutilmente a cabeça para sua direita. Notou a estranha figura de um homem alto do seu lado. Havia um forte odor de enxofre saído de sua túnica negra. A face do mago estava descoberta. Pele pálida e enrugada, uma feição fria como a morte. Sobrancelhas fartas projetavam-se sobre os olhos negros. 
    
     - M... me a... jude... - murmurou a garota pegando em seu braço frio.
     
     Tilslore esboçou um sorriso diabólico. O mago apontou com os olhos para a região genital da jovem, que, se esforçou para olhar. Percebeu a nudez e o sangue. Tilslore movimentou a adaga com tamanha sutileza, mas a ponto de a mulher perceber que aquilo estava dentro de seu corpo. Ela, novamente entrou em desespero. Tilslore voltou ao seu estado de fúria e, antes que a garota esgoelasse, tampou sua delicada boca com a mão que estava livre, de forma a empurrar a cabeça da jovem contra a rocha num forte baque. Ela começou a debater-se em absoluto desespero. Relutava para sair daquela grotesca situação. O cruel mago pressionava com mais força a cabeça da garota contra a rocha, agravando mais ainda a lesão na parte posterior do crânio
     O Mago das Trevas aproximou o rosto com o da jovem. Lambeu o sangue que vazava de sua cabeça e sussurrou algo em seu ouvido. Ela aquietou-se, como se novamente, em estado de transe. Tilslore livrou sua boca e a beijou. Um ar escuro e sinistro entrou na doce boca da jovem. A adaga fora introduzida por inteira na vagina, até atingir o útero e emergir para fora do ventre, formando um chafariz de sangue. Os olhos da desconhecida jovem perderam o brilho. As pupilas dilataram-se e ela dera seu ultimo suspiro.
     Tilslore lambeu o sangue da adaga negra. Aguardou todo o fluído se evadir do belo corpo deitado sobre o altar de pedra. Cobriu novamente a face com o capuz e dirigiu-se ao cajado. Ao segura-lo, sentiu o novo poder... a magia era poderosa. Mesmo assim, insuficiente. Tilslore buscaria mais. Porém, era sábio suficiente para ter em mente que tudo aconteceria no seu devido tempo e com enorme cautela.

*****

     Holger amanhecera com uma estranha sensação em seu décimo oitavo dia de jornada. Embora se sentia sortudo em não deparar-se com nenhum perigo eminente, uma angústia sinistra o perturbava naquela manhã. Aprontou suas coisas sem dar muita importância para aquilo. O rapaz estava faminto, portanto, apanharia algo no caminho. Holger não queria gastar seu tempo caçando nenhum animal, desta forma, pensava ser mais econômico colher frutos de pomares que encontrar no acaso. Apesar de não estar seguindo por nenhuma estrada, sabia que estava próximo a Gronngard, terra de grandes produtores agrícolas, portanto, a qualquer momento encontraria alguma fazenda onde poderia saciar-se num farto banquete.

     Era meio-dia, quando o jovem escudeiro ouvira passos em sua retaguarda. A floresta era silenciosa e as copas das árvores quase cobriam a luz do sol. Holger estava desprovido de qualquer arma, limitando-se somente a uma pequena faca que, nem sequer estava amolada. Mas era o que tinha para o momento. Continuou a caminhar, apesar de desacelerar sutilmente. A faca estava empunho. Os ouvidos bem apurados. Virou-se!

     - Aaaahh!!! - Holger gritou em fúria com a faca suspensa, mas parou de repente, pois fora surpreendido com um ser inusitado.
     - Por favor, não me faça mal! - quem suplicou fora uma jovem fada de asas quebradas e com metade do tamanho do garoto.
     
     Holger a observou como se a contemplasse. Mesmo maltratada e ferida, sua beleza ainda era digna de apreciação. Era somente uma criança perdida. Holger jamais havia ficado diante de um ser tão belo e tão raro como aquele. Ambos entreolhavam-se sem falar nada. Holger somente a observou. A criatura tinha cabelos verdes como a grama, olhos de mesma cor e dois pares de asas como de libélulas, porém, quebradas. A pequena fada disse-lhe que já seguia Holger havia três dias. Estava perdida, pois contou que seu reino, oculto na floresta, havia sofrido um ataque de orcs. A fada revelou a Holger seu nome: Kaira. O jovem, comovido por suas condições e "enfeitiçado" com sua beleza, a aceitou como companhia, ainda mais por conta de suas habilidades místicas e seus conhecimentos em relação aos segredos da floresta, pois, Kaira, pertencia a uma raça ligada fortemente a magia de Ark, o Rei Mago guardião da terra. Além de tudo, Kaira conhecia a floresta misteriosa do sul, onde morava a lendária feiticeira. A pequena fada sabia até como a chamavam nas antigas canções.... era Radias, a guardiã do raio!

Kaira pertence a raça das Fadas da Floresta. É ainda uma criança entrando na fase da puberdade. Seu reino fora devastado por um exército de orcs. A pequena fada fugira antes de tudo terminar. Não se sabe ao certo se seus pais sobreviveram ou se foram levados como prisioneiros para Svart Jord com a intenção de serem convertidos as legiões do escuro. As Fadas da Floresta são conhecidas por suas habilidades para com a natureza. Acredita-se que o próprio mago Ark as criara nos primeiros anos de Volta. Também não se sabe ao certo a idade dessas criaturas, pois os relatos em relação a elas, são escassos. É provável que Holger seja a primeira criatura fora da floresta a manter contato com uma fada, desde a guerra que culminou na queda dos Reis Magos.



Continua...
     
     








terça-feira, 24 de julho de 2012

Crônicas de Volta - Capítulo I

A Nova Era das Sombras  

     Vinha o infante correndo pela estrada de terra, debaixo de chuva torrencial onde os pingos de água atingiam bravamente sua face surrada da grande batalha de outrora. Tempos de trevas engoliram o mundo de Volta depois que a Peste Divina derrubou os três Reis Magos, acima dos Reinos Médios... as coisas mudaram drasticamente. Tilslore, O Expulso, levantou-se de seu covil situado em Svart Jord, na borda mais íngreme de Volta, onde a Cascata de Fogo se precipita e o deus dragão Branngud engole todas as coisas maléficas do mundo. Tilslore era um mago da linhagem divina, portanto, achava-se no direito de resguardar os tronos e governar os reis médios de Volta. Entretanto, a humanidade pôs-se em resistência, pois Tilslore era um legítimo servo do mal, cujo em tempos distantes tentara tomar para si o poder dos Reis Magos, sendo impedido de tal atrevimento e posto em julgamento. Fora expulso e chamado assim por todas as línguas: O Expulso.
      Tilslore, O Expulso. Seu cajado é feito da madeira da 
      Árvore da Morte, cujos espíritos inquietos adormecem.
      A gema luzente, fora roubada do próprio Branngud, 
      eras atrás. Ela está envolta às garras de um dos filhos do 
      deus dragão, morto pelo próprio Mago das Trevas sob 
      o auxílio de Skygge.             
     Tilslore era servo de Skygge, A Sombra. Uma entidade que vagava por todas as terras em busca dos Perdidos - ladrões, estupradores, assassinos, corruptos -, qualquer tipo de criatura predisposta ao mal era pega por Skygge e então dominada, forçada a viver uma vida de escravidão eterna, mesmo após a morte os possuídos eram influenciados pelo espírito maligno e cometiam inúmeras atrocidades pelo mundo.
     A morte dos Reis Magos tornou Tilslore a criatura mais poderosa de Volta. O Mago das Trevas reuniu, então, sua corja de bruxos negros e por meio de Magia Escura evocou as mais terríveis criaturas que já existiram. Hordas de orcs, exércitos de mortos-vivos, gigantes de gelo e de fogo, anões, elfos e homens corrompidos pelo nefasto ser das sombras Skygge.
     Os reinos já se viam divididos dada a terrível situação causada pela morte dos Reis Magos, desta forma, Tilslore não encontrou grandes desafios para alastrar sua ocupação, a não ser pelas milicias que se levantaram após a queda dos principais reinos médios.

     Era jovem o rapaz que marchava na chuva. Ofegava como se há muito estivesse correndo, ou melhor, fugindo. Consigo, carregava uma pequena mochila tiracolo. Havia algo de extrema importância dentro , do qual mudaria o curso da história e poria fim nas atrocidades do Mago das Trevas.
     Holger era seu nome. Era humilde e franzino, mas nobre de coração. Estava a serviço de um poderoso guerreiro, conhecido em toda Volta: Kristof de Astar Niga, situada ao pé da Montanha do Céu, cujo no cume assentava-se o Palácio Celestial - morada dos três magos. Kristof, conhecido por domar dragões alados, fora subjugado pelo próprio Tilslore. Sua morte definitivamente desmoralizou os exércitos da resistência, fazendo as tropas se dispersarem ou até mesmo influenciando a deserção de muitos soldados. Todavia, deserção não era o caso de Holger. O garoto via-se numa importante missão. Seu mestre e mentor Kristof, havia lhe entregue um objeto iluminado e em extremo segredo, o ordenara que viajasse para o sul, além de qualquer reino conhecido. Contou o cavaleiro que, lá, Holger se depararia com uma antiga floresta, cujo nome não o revelara, mas disse que o escudeiro a reconheceria assim que a encontrasse. Pediu cautela e lhe alertou de criaturas mágicas, misteriosas e antigas que encontraria em sua jornada.
     Holger saiu da estrada, pois temia um bloqueio. Embrenhou-se no mato escuro, apenas guiando-se por meio de seus sentidos apurados. Os únicos ruídos que ouvia, eram o tamborilar das águas em precipitação e seus esbarrões nos ramos de plantas, seguidos de suas passadas rápidas. Os ecos da aterradora batalha pelo reino de Knust Stein foram deixados para trás, assim como toda a esperança do mundo.
     O jovem desbravara a floresta por toda a madrugada. Era manhã de sábado, embora ainda houvesse tamanha escuridão por conta da terrível Sombra da Morte, Skygge. Diante do caudaloso rio Helga, Holger parou estarrecido. Respirava com tremenda exaustão pela longa marcha a noite. Não havia mais chuva. Sobre os cascalhos da margem do rio, olhou para os lados tentando buscar alternavas para atravessá-lo. Sabia que havia uma ponte há poucos quilômetros, no entanto, ir até ela estava fora de cogitação, pois sua vigilância pelos agentes das trevas era certa. Aquelas terras eram um tanto desconhecidas pelo corajoso rapaz. Todavia, explorador que era, Holger não se deu por satisfeito e começou a caminhar beira-rio. Claro que seu destino era contrário a ponte que o cruzara ligando a capital do reino. Holger estava convicto que algum fazendeiro construíra em um ocasião qualquer uma ponte para travessia. Coisa muito óbvia, já que uma única ponte para usufruto de um reino inteiro atrasaria muito as movimentações comerciais.
     Enquanto caminhava, observou coisas estranhas descerem rio abaixo. Parou e observou. Eram corpos. Pessoas mortas e então descartadas como animais imprestáveis. Internamente, o jovem, apavorou-se. Aquela gente não se tratava de soldados, mas sim, de humildes camponeses. Velhos, crianças, mulheres... os homens com melhores condições físicas haviam sido enviados a guerra. Aquilo era assustador. Holger hesitou em profundo dilema. Aqueles corpos na água eram indícios de algum vilarejo e provável meio de travessia do rio adiante. Todavia, eram indícios de tropas escuras. Visto que não tinha qualquer escolha, resolveu manter o curso. Talvez as tropas só estariam de passagem, pensou. De qualquer forma, faria de tudo para se manter desapercebido no terreno.
     Havia sinal de fumaça sobre as copas dos pinheiros. Mais adiante, uma balsa amarrada num pequeno deck. Holger apurou a visão. Aparentemente, não havia sinal de vida. Próximo ao local, fora rastejando até alcançar a corda que prendia a balsa. Um pouco a leste, casas queimadas suspendiam fumaça de um incêndio anterior. O garoto concentrou-se em somente trazer o transporte para si. Vagarosamente subiu a bordo e remou até a outra margem. De olhos no vilarejo, pensou ter visto um morto-vivo. Aquilo o fez arrepiar-se. Jamais tinha visto uma criatura daquela, apenas ouvia as histórias dos guerreiros veteranos, grandes expedicionários que lutavam mundo afora pela liberdade de Volta. Seu próprio mestre o havia contado sobre umas das mais horripilantes criaturas do mal, cuja espada não os matava, nem sequer arrancando-lhes a cabeça. Eram de fato aterradores e assombrosos. Holger escolheu esquecer-se do que havia pensado ter visto e também lembrado. Tais histórias não eram nada encorajadoras numa ocasião como aquela. Na verdade, tentava recordar-se de histórias heroicas do passado, mas as circunstâncias o impediam. Preferiu, então, somente pensar no agora.
     Havia um mundo macabro pela frente. Junto de si, uma relíquia misteriosa, da qual somente os mais sábios e antigos seres tinha ciência de sua existência. Holger tentava imaginar o que encontraria na longínqua floresta ao sul, no entanto, era praticamente impossível. Kristof, nada o revelara. E na verdade, o lendário guerreiro, prevendo sua morte, confiou o objeto ao improvável escudeiro. Kristof era o verdadeiro encarregado da missão, até tudo sair errado. O guerreiro, porém, não previu que entregar o artefato nas mãos do anônimo Holger, não o deixaria a salvo. Tilslore era poderoso na arte da magia. Tinha inúmeros servos e era aliado ao espírito do mal Skygge, portanto, seus olhos estavam em cada canto do mundo.
     O vento gélido começou a soprar. Os rumores sobre o jovem que carregava consigo a relíquia mágica já se viam nos ouvidos das criaturas das trevas e, então, iniciou-se a caçada. Mas, havia luz ao sul... da antiga floresta, um bem há muito esquecido, conspirava a favor do jovem Holger, sem nem sequer o garoto imaginar, embora, o perverso Tilslore desconfiasse de algo. Porém, tal poder era tanto perante a Magia Negra, que o Mago das Trevas não ousou perturba-lo, por pensar que tal magia dormia profundamente, fazendo com que não causasse qualquer tipo de problema a si. Estava enganado! Havia um quarto membro além dos três... uma criatura tão antiga e tão improvável, que foi mantida em sigilo pelos Reis Magos conforme as ordens divinas do Pai Celestial. A criatura, o ser mais próximo ao que era considerado divino, fora forjada da Luz de Prata encontrada no interior do coração do Grande Far, Senhor do Universo. Desta forma, os Reis Magos se referiam a ela como A Feiticeira de Prata!
     Holger pisou os pés do outro lado do rio. Uma força inesperada e misteriosa o havia tomado de repente. O cansaço se esvaiu. Os olhos brilharam em esperança. Pela primeira vez em dias, o jovem sentia-se observado e resguardado por uma magia benéfica. Sabia de alguma forma que estava blindado contra os ataques das trevas. E de fato, não somente criaturas malignas cruzariam seu caminho, mas também criaturas de luz... antigos guardiões da esperança! Seres esquecidos pelas areias do tempo. Cavaleiros que lutaram em guerras imemoráveis. Tudo estava para acontecer. E no fundo, Tilslore armazenava uma angústia miserável. Retornou, então, as terras sombrias de Svart Jord afim de aprofundar-se em conhecimento para combater a possível ameaça. Profecias estavam para ser reveladas... a Magia Negra via-se comprometida!





Continua...